sexta-feira, 10 de junho de 2016

Para quê querer uma raça quando posso ter todas?


 Quando era pequena, adorava aquelas enciclopédias com as várias raças de cães. Como tinha o Rodolfo desde os 6 anos, era sempre a sua raça que o meu dedo buscava primeiro. Depois, escolhia mais uns quantos que dizia serem os meus preferidos e decorava os nomes. Dizia que quando fosse morar sozinha ia arranjar um daquela ou da outra raça, que eram mesmo giros.
 Porém, quando entrei para veterinária pus esse pensamento cada vez mais de lado, até hoje o meu cão de sonho ser um rafeiro.
 Em primeiro lugar, sempre que falamos de uma doença, falamos das raças predispostas a essa mesma doença.
 Parecendo que não, anos e anos de selecção artificial e consaguinidade para um animal ficar com determinado aspecto, leva a que, para além da estética, os animais também tenham genes para as mesmas doenças. Mesmo que esses genes estejam escondidos, ao se cruzarem com um da mesma raça a probabilidade de os filhotes manifestarem esse problema é grande. É um certo preço a pagar por termos "transformado" um lobo num chihuahua ou num bulldog.
 Depois, graças aos acordos que o hospital da faculdade tem para ajudar várias associações, comecei a contactar muito mais com animais sem dono. Bichos queridos, amigáveis e brincalhões que após o tratamento no hospital vão voltar para o seu pequeno espaço, que é o maior que a associação lhe consegue dar. E isso obviamente parte um bocadinho o coração de uma pessoa.
 Mas o que me destroça mesmo é conhecer pessoas que querem um animal, mas ter que ser da raça da moda. Já aconteceu com os Pastores Alemães, com os Boxers, com os Labradores Retrievers e agora com os Bulldogs franceses. E nos gatos os Persas e British Short Hair.
 Estão a comprar uma "coisa", como se comprassem uns ténis da moda, ignorando que os animais têm uma grande predisposição para ter problemas de saúde e depois queixam-se que "este só me dá despesa". Meu amigo, a única despesa que deste a ti próprio foi comprar um amigo, quando existem muitos prontos a serem adoptados nos canis e associações portuguesas que estão sobrelotadas. E se querias algo só para mostrar mais valia um peluche...
 É claro que os rafeiros também podem ter doenças (bactérias e vírus não olham a raças) e algum problema, mas é mais raro por serem uns super-híbridos.
 Por último, sei também que há quem escolha uma raça por ter uma certa afinidade, ou por querer um animal com comportamentos característicos da raça. Compreendo e não condeno, mas conta muito mais para o bom comportamento de um animal ter feito um bom desmame e só o terem separado da mãe às 8 semanas, do que só a genética em si. 
  Vamos ser donos de raça?



Bom fim de semana prolongado!


Com amor,
A Marquesa

4 comentários:

  1. Tenho vários animais a viver na minha casa/quintal, quase todos adotados e salvos de morte certa. A exceção é um gato persa, que há vários anos fiz birra para que os meus pais comprassem, depois de me apaixonar por ele na loja (quando ainda não pensava sobre estes assuntos). Nunca direi que me arrependi porque este gato é, de verdade, o amor da minha vida. Mas acho horrível que se comercializem vidas e não o voltarei a fazer no futuro.

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  2. Eu tenho um rafeiro, que foi adoptado e infelizmente ele tem alguns problemas de saúde, o que é um bocado chato porque os tratamentos e os medicamentos ainda são caros, mas ele é parte da família e por isso faz-se um esforço :)

    Mas quanto morar na minha própria casa, quero ter um dog alemão, porque adoro essa raça e eu quando era mais nova tinha pavor a cães (agora tenho só medo), mas essa raça transmite-me confiança e eu consigo estar perto desses cães (mesmo que não os conheça), sem sentir aquela vontade de fugir :)

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Querido marquês ou marquesa, sente-te à vontade para "opinar" :)