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sábado, 6 de janeiro de 2018

Para ti, que bebes e conduzes

Estás num jantar de aniversário de um amigo de longa data e, para além de comerem fartamente, as cervejas à descrição também não param de chegar. Pouco depois, está toda a gente a dispersar-se e a pagar a conta do restaurante. Combinam continuar a festa num bar não muito longe dali. A noite ainda é uma criança.
O bar tem consumo obrigatório, por isso pedes mais uma cerveja. Pouco depois o aniversariante paga uma rodada de shots a todos. Uma das tuas amigas pergunta se queres que ela beba por ti visto que a seguir a vais levar a casa de carro, mas o aniversariante interrompe-vos e diz que tu tens boa resistência. Só um shot não vai fazer nada.
Mas não foi só mais aquele shot, pois não? Já tinham sido quatro cervejas e entretanto ficas com a bebida de alguém que se foi embora. Enquanto danças, tentas fazer as contas e pensas se estarás já a ultrapassar o limite legal do nível de álcool no sangue. Só tens a carta há menos de um ano e não te apetecia perder pontos ou a liberdade de conduzir. Pelo sim, pelo não deixas de pedir bebidas.
São três da manhã e o grupo começa a diminuir, assim como a lotação da pista de dança. Perguntas à tua amiga se quer ir andando e ela questiona se te sentes bem. Não te sentes a 100%, mas no teu discernimento estás apto para fazer a viagem de 5 minutos para a levar a casa e é isso que lhe respondes. Pelo caminho vão falando sobre o DJ, os cromos que apanharam e riem-se das peripécias da noite.
Após entrarem no carro ela pergunta-te uma última vez: "estás mesmo bem para conduzir?". Hesitas um segundo e anuis.
Um segundo. Se tivesses travado um segundo antes seria o suficiente. O teu tempo de reação estava diminuído e tu preocupado com pontos, com multas, com a chapa do carro. Um segundo teria salvo uma vida. Ou talvez duas? Porque como vais conseguir seguir a tua vida com a culpa? Sabendo que foste tu que não disseste não e que quem saiu prejudicado era inocente e só queria o melhor para ti? Como? 
Bastava teres dito que não.



Se há coisa que me entristece é ler notícias como esta e saber que estes jovens se arriscam por motivos parvos. Seja álcool, seja excesso de velocidade ou até olhar para o telemóvel enquanto conduzem. Por favor, sejam felizes e não arranjem arrependimentos.

Com amor,
Catarina

10 comentários:

  1. Uau emocionei-me ao ler isto. Nunca estive numa situação parecida mas imaginar que o cenário de muitos jovens e adultos podia ser diferente só pelo simples de dizer a palavra Não.
    Gostei muito do que escreveste :) E gostei do blogue

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    1. Muito obrigada, fico feliz por ter conseguido passar a mensagem que queria :)
      Beijinhos!

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  2. Água sabe tão bem!
    E, por precaução, se não nos sentirmos seguros devido ao estado da pessoa devemos apanhar o táxi. Também lhe podemos, se possível, oferecer estadia devido ao nível de álcool no sangue. Mais vale gastar uns 30€ em viagens de táxi do que perder a vida por algo tão estúpido.
    E se sentem que têm de beber para impressionar x ou y ou para provarem que mamam tudo mais vale não mamarem nada e lembrarem-se que se têm idade para beber também a têm para serem responsáveis!

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    1. Sim, nesta "história" a rapariga devia ter seguido a sua intuição, mas quando escrevi pensei que ela própria também se sentiria mal em "abandonar" o amigo que não estaria totalmente bem. A opção que referiste - chamar um táxi - seria sem dúvida o mais acertado nesta situação.
      Infelizmente a idade e a carta chegam primeiro que a maturidade em alguns casos :/

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  3. Acontece bem mais vezes do que o suposto. É mesmo muito triste! Das situações mais revoltantes.
    Beijinho*

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    1. Exato, é revoltante principalmente tendo em conta que é facilmente evitável...
      Beijinhos!

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  4. O teu texto está tão certeiro e bem escrito que certamente irá ficar na memória de muitos.

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    1. Muito obrigada Tulipa! Era incrível se conseguisse fazer a diferença, por muito pequena que fosse.
      Beijinhos!

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  5. Doeu-me a ler isto. Dói saber que há pessoas tão inconscientes que não têm consideração pela sua vida e pela vida de todos aqueles que podem por em causa...

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    1. Infelizmente vi há tempos o "tweet" de uma rapariga que se "gabava" de ter bebido imenso e de a seguir ir conduzir, referindo apenas o receio de ser apanhada pela polícia. Foi uma das inspirações para o texto, porque como referes dói saber que existem pessoas tão irresponsáveis...
      Beijinhos!

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