Após
uma pausa no mês de Junho, a rúbrica "Animais da Blogosfera" volta
com a estreia de participantes felinos.
A
convidada deste mês é a Andreia Moita que actualmente escreve no blog "As gavetas da minha casa encantada". Licenciou-se em Educação Básica, tirou o
mestrado em Educação Pré-Escolar e é apaixonada por fotografia. Um dos seus
sonhos é escrever um livro e, se tomarem o blog como amostra, tenho a certeza
de que será bem-sucedida.
Olá Andreia e
muito obrigada por teres aceitado este convite. Vou começar já com a primeira
questão: mesmo antes de teres o teu primeiro gatinho já eras uma “cat person”
ou o interesse por cães e gatos estava equilibrado?
Eu é que agradeço o convite. Apesar de as publicações sobre
os meus patudos serem escassas, enche-me o coração partilhar mais um pedacinho
destes dois pestes. Relativamente à primeira questão, esse interesse não
estava, de todo, equilibrado, porque sempre fui uma pessoa de cães - e preservo
o sonho de, um dia, ter um labrador. Porém, foi-se equilibrando com as
mudanças.
Antes de teres o
teu primeiro gatinho, já tinhas pedido algum gato ou cão aos teus pais?
Sim, porque sempre adorei animais. No entanto, mesmo achando
um certo charme aos gatos, o meu pedido era constantemente direcionado para um
cão.
Em alturas distintas, mas ambas durante a minha
infância/início da adolescência, esse desejo teve um final feliz. Primeiro,
tive um cão - o Fofo -, que nos foi dado por uma vizinha, cuja cadela tinha
acabado de ter uma ninhada. Veio cá para casa ainda bebé e, como eu também era
bastante pequenina, não tenho tantas recordações dele. Mas lembro-me que era
castanho e que tinha uma energia inesgotável. Foi o primeiro animal que chorei!
Por volta dos meus oito anos (mais coisa, menos coisa),
também por intermédio de uma vizinha, acolhemos a Fany - uma caniche preta e
branca. Era um doce e uma companheira ainda melhor. Houve um dia que fiquei
doente, com febre, e ela não saiu da minha beira - essa imagem há-de
acompanhar-me para sempre. Tinha, para mim, o título de lambidela mais
aconchegante e um número infinito de peripécias, que nos arrancavam
gargalhadas. Infelizmente, anos mais tarde, tivemos que a mandar abater. Ficou
gravemente doente, a barriga dela inchou imenso e já nem tinha forças para
caminhar (para se deslocar, arrastava-se). Foi muito doloroso tomar essa
decisão, mesmo sendo aconselhada pelo veterinário. Só que ver todo o sofrimento
dela era ainda pior, por isso, seria egoísta da nossa parte prolongá-lo. A
despedida, naturalmente, deixou marcas, ao ponto de não nos sentirmos
preparados para voltar a ter animais.
No teu caso, o Simba adoptou a vossa família e não o contrário. Caso ele nunca tivesse aparecido no vosso cesto das pinhas, achas que hoje terias algum animal de estimação?
O objetivo era esse, sim, mas não sei até que ponto já teria
acontecido, muito honestamente.
Quando nos morre um animal, não deixa de ser uma perda.
Precisamos de fazer o nosso luto e deixar curar as feridas. E torna-se difícil
apagares a ideia de que, inevitavelmente, por mais especiais que eles sejam,
não vivem para sempre - tal e qual como as pessoas. O certo é que não é
saudável ficarmos presos a esses pensamentos e, finalmente, começamos a
discutir o assunto com alguma profundidade. Por outro lado, também queríamos
ter a certeza de que tínhamos todas as condições favoráveis para embarcar nessa
aventura. Não sinto que chegue gostar de animais, é preciso ter estabilidade
emocional, física e financeira. É uma mudança significativa nas nossas vidas.
Portanto, temos que estar conscientes do passo que estamos a dar.
A verdade é que quando o Simba apareceu no nosso cesto de
pinhas, se ainda existiam arestas a limar, rapidamente tratamos do assunto,
porque ele conquistou-nos de tal maneira que seria impensável não o acolhermos.
Nos primeiros dias, claro, estivemos atentos a anúncios que o pudessem dar como
perdido, mas, como tal não aconteceu, entrou na nossa casa, na nossa vida, no
nosso coração. E deixou-os abertos para sempre. Foi dos acasos mais bonitos que
nos aconteceram.
Como entrou o Goji na vossa vida?
Entrou de uma forma muito natural.
Uma vez mais, quando perdemos o Simba (foi atropelado à porta
de casa), voltamos àquela sensação de vazio. E sentimos necessidade de
resguardar o coração e de nos recompormos do choque; precisamos de voltar a
aceitar que a casa ia ficar menos cheia. No entanto, tenho ideia que lidamos
com a situação de uma forma menos fechada. Isto é, apesar de, inicialmente,
saltar à boca aquela frase típica de que não teríamos mais animais, porque a
sua partida é muito dura, essas palavras nunca tiveram força suficiente para
serem levadas em frente. E o certo é que, aos poucos, fomos falando na possibilidade
de adotar um gato.
Talvez não saiba explicar com exatidão, mas o Simba tinha uma
personalidade tão especial, que sinto que isso apaziguou qualquer dor. E
mostrou-nos que, se calhar, uma boa forma de homenagear aquele texugo (como eu
lhe chamava) de olhos azuis era oferecendo um lar a um patudo que precisasse de
amor. E esta vontade foi ganhando consistência. E foi assim que, em setembro de
2017, o Goji veio cá para casa, com dois meses, tão pequenino, que me cabia na
palma da mão.
Foi difícil a adaptação
do Goji à chegada do Silvestre?
Nos primeiros dois dias foi, sobretudo, estranho para o Goji.
O que é perfeitamente normal, porque estava habituado a ser o rei da casa - e a
virá-la do avesso só com a nossa atenção. Quando viu aquele ser estranho,
ressentiu-se e, acho que em jeito de protesto, afastou-se um pouco de nós. Mas
ao terceiro dia já estava quase familiarizado e a aceitação aconteceu sem danos
de maior.
Confesso que era algo que me preocupava, mas procuramos não
impor a presença de um ao outro, nem de os afastar em demasia. Nos primeiros
dois dias, dormiram em espaços separados, mas durante o dia - e com a minha
supervisão - não havia qualquer restrição, para se habituarem à companhia um do
outro. Hoje, não se largam. E adaptaram-se muito bem. Curiosamente, o Silvestre
parece que sempre esteve em casa, porque não estranhou o ambiente, nem mostrou
qualquer tipo de receio. Aliás, acho que ser ele a procurar o Goji contribuiu
para que a relação entre os dois se desenvolve-se de forma tão saudável, porque
a minha baga preta percebeu que aquela bolinha de pelo não estava ali para lhe
roubar o lugar.
Mencionaste numa
publicação que os teus gatos são fisicamente parecidos, mas muito diferentes em
termos de personalidade. Podes falar-nos de cada um deles?
Costumo dizer que se o Goji tivesse um filho (ou um irmão), muito provavelmente, não seria tão parecido fisicamente. São ambos pretos e o que os distingue é a altura e os olhos. O Goji é mais alto e comprido, enquanto o Silvestre tem a pata mais curta; aparentemente, têm olhos verdes, mas olhando com atenção percebe-se que os do Silvestre fogem mais para o amarelo. Quanto à personalidade, não podiam, de facto, ser mais opostos.
Costumo dizer que se o Goji tivesse um filho (ou um irmão), muito provavelmente, não seria tão parecido fisicamente. São ambos pretos e o que os distingue é a altura e os olhos. O Goji é mais alto e comprido, enquanto o Silvestre tem a pata mais curta; aparentemente, têm olhos verdes, mas olhando com atenção percebe-se que os do Silvestre fogem mais para o amarelo. Quanto à personalidade, não podiam, de facto, ser mais opostos.
O
Goji sempre foi muito independente. Brinco muitas vezes ao dizer que tem uma
forma mais bruta de demonstrar amor por nós. Não é muito dado a estar no colo,
nem a receber beijos (depende das ocasiões). Prefere muito mais estar nas
alturas - subir para cima da televisão e/ou para o topo do armário da sala ou
da cozinha. Entretém-se facilmente sozinho - com uma caneta e/ou uma bola - e é
capaz de parar pouco à nossa beira. Mas quando lhe apetece, também é capaz de
passar uma tarde deitado ao nosso lado. No fundo, faz as coisas ao ritmo dele,
quando entender que as deve fazer.
O
Silvestre é mais dependente da nossa companhia. É muito mimalho, muito carente.
Mesmo que ele não me responda (ou que eu não o entenda), pergunto-lhe qual é a
sua história, para não conseguir estar sozinho. Se, por acaso, eu estiver na
sala e precisar de me deslocar a outra divisão, vem logo atrás de mim. Em jeito
de brincadeira, também lhe chamo guarda-costas. No entanto, é preciso não nos
deixarmos enganar com o seu ar inocente, porque consegue ser um verdadeiro
pestinha; e quando algo não lhe agrada reage automaticamente. Ele foi resgatado
da rua, portanto não tenho conhecimento do seu passado, mas nota-se que tem
outro instinto de sobrevivência, que o Goji não partilha, porque nunca precisou
de se defender a esse ponto.
Nenhum
deles tem um ano (o Goji está quase), mas, ainda que consigam ser verdadeiros
furacões, sinto que se acalmam mutuamente.
Os gatos são
conhecidos pela internet fora por “atrapalharem” os tutores que querem escrever
ou trabalhar no computador. Como se portam os teus gatos quando estás a
trabalhar nas publicações para o blog?
Nisso os meus são mais tranquilos. Quer dizer, nem sempre
consigo estar 100% sossegada ao computador (ou a ver televisão ou a ler),
porque o Goji ativa o seu botão de trepador ou de explorador de armários e lá
tenho que o ir resgatar. Mas, de um modo geral, consigo trabalhar bem, porque
eles brincam muito um com o outro - ignorando a minha existência. Quando o
Silvestre se cansa, vem deitar-se à minha beira e, caso não lhe dê atenção, mia
e estica-se para que pegue nele. Deito-o no meu colo e ele acalma.
Consequentemente, na maior parte das vezes, o Goji também. Por isso, consigo
dedicar-me às minhas tarefas sem grande dificuldade.
Sou mesmo uma sortuda por tê-los na minha vida!
Mais uma vez, um enorme obrigada à Andreia por ter aberto o coração e partilhado a sua história e dos seus animais. Podem conhecê-la ainda melhor no seu blog, com publicações diárias.
Com amor,
Catarina
Com amor,
Catarina
Fixe!
ResponderEliminarFoi um gosto enorme participar, minha querida. Muito, muito obrigada *-*
ResponderEliminarEsse parágrafo inicial enche o coração!
Já conhecia a Andreia e os seus patudos mas adorei a entrevista. Nota-se imenso amor :)
ResponderEliminarr: É mesmo *-* estou desejosa de ouvir mais músicas dele, porque esta já me conquistou
ResponderEliminarAdorei imenso este post. A experiência da Andreia com gatos é muito semelhante à minha. E o Goji e o Silvestre são lindos :)
ResponderEliminarBeijinhos!
Parabéns pela rubrica :-)
ResponderEliminarGosto muito da Andreia e dos seus meninos, lembram-me tanto a minha gatinha que está em Portugal aos cuidados dos meus manos :)
ResponderEliminarMal posso esperar para ir buscar um companheiro pata o nosso filhote ao RSPCA :)
Adorei a iniciativa e a entrevista:)
Bjinhosss as duas*
https://matildeferreira.co.uk
A Andreia é uma querida, já gostava dela, agora fiquei a gostar e a admirar muito mais :) Parabéns Andreia beijinhos
ResponderEliminarJá conheço a Andreia e já conhecia um bocadinho da história dos seus gatitos pelo que vai contando no blog. Mas adorei a entrevista, até porque sou uma eterna admiradora de gatinhos :)
ResponderEliminarLindos os gatos, Goji bem pequeno mesmo, e que triste que o outro foi atropelado, isso acontece tanto, infelizmente. Gostei da conversa, e lindas as fotos :)
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