domingo, 10 de janeiro de 2016

O Matadouro

Desde o primeiro ano do curso que ouvimos falar da visita ao matadouro no 5º ano.
A ideia repulsava-nos a todos, comentávamos que não ia sair ninguém daquela visita com os olhos secos, ou com vontade de continuar a comer carne.
 Fomos fazendo o nosso percurso académico. Começámos por estudar em cadáveres e depois a assistir a procedimentos em animais vivos, até ser a nossa vez de o fazer. Muitos de nós, tanto no hospital da faculdade como em estágios extra-curriculares contactámos com a doença, com a passagem dos peludos já sem hipótese alguma para o outro lado. Alguns de nós, inclusivamente, pressionámos o êmbolo da seringa com o líquido que acabou para sempre com o sofrimento de um amigo de quatro patas.
 Na minha visita ao matadouro, não vi ninguém com lágrimas nos olhos ou voz tremida. Vi, por um lado, curiosidade inerente a quem já ouviu falar deste processo em aulas teóricas e queria certificar-se que era tudo feito como ditam as normas de bem-estar, mas por outro, pessoas que já viram animais a lutar pela vida sem sucesso morrerem e estes que são saudáveis a serem sacrificados.
 Não, não me tornei vegetariana (pelo menos por enquanto). Mas acho que é um processo que não deve ser ignorado e posto de lado por todos os que consomem carne.
 Se antes pensava "que horror, nem pensar que alguma vez ponho um pé no matadouro, não quero nem imaginar um animal a morrer", agora sei que ao ser consumidora é uma coisa que não posso ignorar. Uma consequência das minhas acções. Tudo o resto seria hipocrisia.



Que tenham uma óptima semana!

Com amor,
A marquesa

P.S. Se feri a susceptibilidade de alguém peço desculpa, mas acho que é uma coisa super natural e realista.

4 comentários:

  1. Tenho a certeza de que não conseguiria visitar um matadouro. Não como carne desde a adolescência porque acho que não temos esse direito, para além de não precisarmos. No entanto, acho que toda a gente devia se deveria informar, só assim pode comer ou não comer carne ser uma decisão. Não é preciso ir a um matadouro, mas ver alguns documentários como o Earthlings já é relevante.

    Perdida em Combate

    ResponderEliminar
  2. Por algum motivo essa visita só se faz no quinto ano, não é verdade? Até essa altura existe todo um processo de adaptação.
    MariaSemLimites

    ResponderEliminar
  3. Apoiarei-te sempre na tua jornada rumo a uma vida mais consciente e saudável!

    Your master;
    <3

    ResponderEliminar
  4. Nunca fui a um matadouro, mas julgo que não precisamos de ser vegetarianos para respeitar os animais. Penso, isso sim, que os processos nos matadouros deviam ser diferentes. Que devíamos deixar de "produzir" (porque os animais, infelizmente, são uma produção) em excesso - e, consequentemente, deixar de consumir carne/peixe/derivados excessivamente. Precisamos deles, mas não na quantidade que estamos habituados. Tenho procurado reduzir progressivamente o consumo de carne/derivados e peixe, não com o objectivo de virar vegetariana, mas apenas de contrariar esta sociedade de excessos, contrariar a produção excessiva, o desperdício, a exploração que desrespeita os animais e o meio ambiente. Creio que é importante caminharmos para uma sociedade mais sustentável, o que não implica necessariamente deixarmos de consumir carne, mas apenas consumirmos tudo de forma equilibrada. Evitar excessos, exageros, sobre-produção e sobre-exploração.

    ResponderEliminar

Querido marquês ou marquesa, sente-te à vontade para "opinar" :)