O título são versos do refrão de uma música usada muito em vídeos do body positivity que via no Tik Tok.
Não querendo atribuir o crédito a vídeos que vejo numa aplicação, tenho noção de um crescimento - maturidade talvez? - da minha parte em relação ao meu corpo.
Cresci nos anos 90, altura em que as cantoras e modelos usavam calças de cintura descida e tops que mostravam sempre uma barriga lisa à mostra. Não havia pêlos, nem coxas volumosas, o cabelo era liso e o peito enchia sutiãs de copa B ou mais.
Embora sempre me tivesse encaixado relativamente bem no padrão, por ser naturalmente magra, nunca me senti verdadeiramente bonita.
Sempre achei as minhas coxas desproporcionalmente grandes, depilava-me reliosamente uma vez por mês (no mínimo), usava sutiãs push-up, não mostrava a barriga porque tenho o último par de costelas bem marcado para a frente. Fazia exercício (era bailarina) e comia o que me apetecia, nisso, lá está, tive a "sorte" de ter um metabolismo de acordo com o que vigorava no padrão de beleza.
Mesmo assim, houve "bocas". Que não tinha mamas, que tinha demasiados pelos, que tinha que perder mais tempo a pôr creme para não ter mais estrias. Críticas que não vinham só da parte dos meus colegas adolescentes, mas também por parte de amigos e familiares mais velhos.
O Verão então, era a época em que mais ficava ansiosa e mais tempo perdia a tentar tornar o corpo mais parecido com o padrão. Tentar não comer tantos doces, inspeccionar quase ao milímetro a minha pele para ver se não tinha nenhum pêlo visível, encontrar biquinis que dessem a ilusão de um peito maior.
Quando fui para a faculdade obriguei-me a ir procurar alguma atividade física porque estava a ficar com o "rabo mole". Nada contra fazer desporto, mas chegava a fazer aulas com imenso calor ou cansada e cheguei a sentir-me mal.
Talvez a "wake up call" tenha sido quando perdi imenso peso por uma mudança na dieta, só me apercebendo quando vi os números na balança. Porque aos meus olhos continuava a ter as coxas demasiado grandes, a barriga proeminente, quando na verdade tinha era que ganhar peso para estar saudável. Essa altura deixou-me levantar o véu da percepção que tinha de mim mesma. Começou a jornada por tornar a minha alimentação no meu combustível.
Sei que, ao longo dos anos, tenho cada vez menos paciência para estas coisas superficiais, mas ao mesmo tempo tenho ganho cada vez mais amor por mim mesma. E posso dizer que foi mais fácil ser mais gentil comigo quando o comecei a fazer pelos outros. Gosto dos meus amigos e orgulho-me deles, independentemente do seu físico. Tens as unhas arranjadas? Bom para ti. Mas se estiveres despenteadx e acabadx de acordar cheio de remelas achas que vou gostar menos de ti? Ou se tiveres pelos já não te vou abraçar? Ou se tiveres aumentado de peso vou sorrir para ti com menos entusiasmo do que antes? Não.
Tal como a mim. Este Verão tenho aceite convites para praia mesmo que tenha uns pelinhos já crescidos nas pernas. Tenho usado os fatos-de-banho sem almofadas e algumas roupas sem sutiãs porque são mais confortáveis para mim e não sinto que falte apoio às minhas maminhas copa A. Uso biquíni mesmo que a minha barriga esteja menos tonificada e tenha aumentado peso desde o ano passado. Calções curtos, a minha celulite espreita para vos dizer olá que nem a Anitta no "Vai Malandra".
Um bocadinho mais de amor, um dia de cada vez.
Não querendo atribuir o crédito a vídeos que vejo numa aplicação, tenho noção de um crescimento - maturidade talvez? - da minha parte em relação ao meu corpo.
Cresci nos anos 90, altura em que as cantoras e modelos usavam calças de cintura descida e tops que mostravam sempre uma barriga lisa à mostra. Não havia pêlos, nem coxas volumosas, o cabelo era liso e o peito enchia sutiãs de copa B ou mais.
Embora sempre me tivesse encaixado relativamente bem no padrão, por ser naturalmente magra, nunca me senti verdadeiramente bonita.
Sempre achei as minhas coxas desproporcionalmente grandes, depilava-me reliosamente uma vez por mês (no mínimo), usava sutiãs push-up, não mostrava a barriga porque tenho o último par de costelas bem marcado para a frente. Fazia exercício (era bailarina) e comia o que me apetecia, nisso, lá está, tive a "sorte" de ter um metabolismo de acordo com o que vigorava no padrão de beleza.
Mesmo assim, houve "bocas". Que não tinha mamas, que tinha demasiados pelos, que tinha que perder mais tempo a pôr creme para não ter mais estrias. Críticas que não vinham só da parte dos meus colegas adolescentes, mas também por parte de amigos e familiares mais velhos.
O Verão então, era a época em que mais ficava ansiosa e mais tempo perdia a tentar tornar o corpo mais parecido com o padrão. Tentar não comer tantos doces, inspeccionar quase ao milímetro a minha pele para ver se não tinha nenhum pêlo visível, encontrar biquinis que dessem a ilusão de um peito maior.
Quando fui para a faculdade obriguei-me a ir procurar alguma atividade física porque estava a ficar com o "rabo mole". Nada contra fazer desporto, mas chegava a fazer aulas com imenso calor ou cansada e cheguei a sentir-me mal.
Talvez a "wake up call" tenha sido quando perdi imenso peso por uma mudança na dieta, só me apercebendo quando vi os números na balança. Porque aos meus olhos continuava a ter as coxas demasiado grandes, a barriga proeminente, quando na verdade tinha era que ganhar peso para estar saudável. Essa altura deixou-me levantar o véu da percepção que tinha de mim mesma. Começou a jornada por tornar a minha alimentação no meu combustível.
Sei que, ao longo dos anos, tenho cada vez menos paciência para estas coisas superficiais, mas ao mesmo tempo tenho ganho cada vez mais amor por mim mesma. E posso dizer que foi mais fácil ser mais gentil comigo quando o comecei a fazer pelos outros. Gosto dos meus amigos e orgulho-me deles, independentemente do seu físico. Tens as unhas arranjadas? Bom para ti. Mas se estiveres despenteadx e acabadx de acordar cheio de remelas achas que vou gostar menos de ti? Ou se tiveres pelos já não te vou abraçar? Ou se tiveres aumentado de peso vou sorrir para ti com menos entusiasmo do que antes? Não.
Tal como a mim. Este Verão tenho aceite convites para praia mesmo que tenha uns pelinhos já crescidos nas pernas. Tenho usado os fatos-de-banho sem almofadas e algumas roupas sem sutiãs porque são mais confortáveis para mim e não sinto que falte apoio às minhas maminhas copa A. Uso biquíni mesmo que a minha barriga esteja menos tonificada e tenha aumentado peso desde o ano passado. Calções curtos, a minha celulite espreita para vos dizer olá que nem a Anitta no "Vai Malandra".
Um bocadinho mais de amor, um dia de cada vez.
Com (ainda mais) amor,
Catarina
Eu gosto muito de ti!
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