terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Adeus 2019, obrigada

Este ano o blog passou um pouco para segundo plano.
Por um lado, acho que se deve a já não me encontrar tantas vezes com um computador ligado à frente - escrever num telemóvel não é a mesma coisa - portanto acabo por não escrever tantas publicações espontâneas. As que vou fazendo, levam-me mais trabalho e preparação, pelo que tenho de contrariar a inércia que me leva a preferir ler ou ver séries nos meus tempos livres.
Fora isso, sinto que em 2019 vivi mais fora das redes sociais. Fiz novas amizades e parece-me estranho como há um ano não conhecia estas pessoas e agora participei no seu casamento e aguardo ansiosamente a chegada do membro mais novo da família.
Foi um ano feliz, em que me tornei mais segura de mim, principalmente a nível profissional e em que iniciei a minha caminhada, de me sentir menos menina e mais mulher.
Estou mesmo muito grata pelo que este ano me trouxe. 
Que 2020 seja igual ou melhor. Só com um pouco mais de exercício físico, talvez.


Boas entradas! 

Com amor, 
Catarina

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Capitães da Areia e como a desigualdade nos pode levar a não apreciar uma boa obra

Acabei há cerca de uma semana o livro "Capitães da Areia". Até agora, era fã assumidíssima de Jorge Amado, que me conquistou com "Gabriela, Cravo e Canela" e voltou a fazer-me apaixonar pela sua escrita em "Dona Flor e Seus Dois Maridos".
Porém, embora tenha gostado imenso do enredo e da forma como Amado decidiu contar a vida de um grupo de orfãos que vivia do crime, houve pequenas coisas que me levaram a torcer um pouco o nariz e a não apreciar tanto este livro. 
A mais evidente, sem dúvida, foi o racismo. Já não é bom sexualizar crianças pré-adolescentes, mas a diferença com que os rapazes falavam das "negrinhas que derrubavam no areal" e da menina Dora, branca e loira que apareceu no esconderijo deles, em que logo a viram como uma "irmã, mãe, noiva" é gritante.
Não deixa de ser uma obra interessante, que representa a deigualdade social e a completa desumanização do sistema de justiça. Porém, aquela dicotomia trouxe-me algum rancor.



Já há alguns anos, quando li o "Papillon" de Henri Cherrière também achei que, embora fosse uma aventura entusiasmante e arrebatadora, o personagem principal era de tal forma machista e xenófobo que deixei de torcer tanto por ele. 
Sei que os "Capitães da Areia" já foram publicados há mais de oitenta anos, que foi das primeiras obras do autor e que ele mesmo já não refectia tanto este racismo nas obras posteriores. 
Felizmente, considero também que a espécie humana tem estado a evoluir nas questões da igualdade - pelo menos na opinião pública. 
Que continuemos assim.

E vocês, também já sentiram que a vossa apreciação de uma obra clássica foi afetada por razões de desigualdade?


O resto de uma óptima semana!

Com amor,
Catarina