domingo, 21 de abril de 2019

"O Questionário"

Com certeza já repararam que existe um inquérito não-oficial, conhecido por toda a gente, que temos de ir respondendo ao longo da vida.
Começam por ser os nossos pais a responder a estas questões: "Então, o bebé já sorri?", "já anda?", "já fala?". E assim que têm uma resposta positiva a esta última, as perguntas começam a ser dirigidas a nós. "Já andas na escola?", "já sabes escrever?", "já sabes o que queres ser quando fores grande?".
Vamos habituando-nos a estas perguntas, dando sempre as mesmas respostas, até chegar o dia em que damos a resposta "certa" e passam à questão seguinte. 
Se não fosse mau suficiente, na adolescência começam as perguntas sobre a nossa vida pessoal. "Então e namorado?" 
Como se fosse o próximo marco da vida, quase uma obrigação tão profissional e esperada como ir tirar um curso universitário, hoje em dia. Nunca se preocuparam em saber se tínhamos amigos, se tínhamos com quem brincar e com quem partilhar segredos. Só os "namoradinhos".
Depois do curso concluído e do primeiro emprego conseguido, com uma relação de namoro duradoura, já sabia a pergunta que se seguia. 
"Então e quando é que te casas?". 
Nem vou explicar porque é que não deveria ser uma questão "obrigatória", em pleno século XXI. O casamento não é um acto indispensável, nem desejável para muitas pessoas. Mas, existindo muitas vezes uma questão religiosa que motiva a curiosidade dos interlocutores, compreendo que não se vá extinguir tão cedo.
Já teria amealhado um número de dois dígitos, se ganhasse um euro por cada vez que já me fizeram a questão. E fico sempre surpresa quando vejo que as pessoas estão à espera de uma resposta afirmativa ou pelo menos concreta. 
Sim, com a minha idade os meus pais já estavam casados e os meus avós então já eram pais. Mas eu continuo a ver-me e sentir-me uma miúda. Ainda agora comecei a trabalhar e a gerir a minha vida. Sim, amo muito o meu namorado e quero que ele esteja ao meu lado nos meus próximos desafios e conquistas, mas temos tanto tempo para pensar nisso.
Este ano vou ter os primeiros casamentos de amigos e, embora esteja muito feliz por eles e saiba que faz todo o sentido, não me vejo a ser a próxima. Quem sabe, um dia? 
E não comecem a falar em filhos, por favor, que ainda nem me habituei à ideia de que este ano vou ser "tia".

Fica aqui prometido, se for para casar, as pessoas que quero que saibam, saberão. Não é preciso irem perguntando, está bem? Se não... começo a ameaçar criar uma lista negra onde ponho quem me pergunta pelo casamento. À terceira vez fica sem receber o eventual convite. Entendido?

Desejo-vos uma boa Páscoa! 

Com amor, 
Catarina

domingo, 7 de abril de 2019

Atypical

Ando sempre em busca de séries novas para ver, principalmente de episódios curtos, ideais para quando almoço ou janto sozinha, ou até para ver no serão quando a aproximação da hora de ir dormir não me deixa prolongar a ronha no sofá.
Fui vendo as recomendações que a Netflix me dava, até chegar a Atypical, um nome que não me era estranho graças a uma opinião da Inês do blog "Mar de Maio".
Apenas tinha a noção de que era uma série engraçada, tendo como personagem principal um rapaz adolescente com autismo. Vi o primeiro episódio e, para ser honesta, tive que me controlar para não ver tudo de seguida.
Sam Gardner é um rapaz de 18 anos, que frequenta o último ano de secundário. Adora tudo o que tenha a ver com o Antártico, sonha em ter uma namorada e é autista. A mãe desistiu do seu emprego para se dedicar aos filhos, especialmente o Sam a tempo inteiro, o pai é paramédico e a irmã mais nova um prodígio na corrida.
O enredo gira em volta desta família, mas o que é absolutamente fascinante e refrescante, é a maneira como vão introduzindo conceitos e até dificuldades de pessoas que estão no espectro do autismo a pessoas que, tal como eu, nunca tiveram pessoas chegadas com este transtorno. Isto enquanto o Sam vive as peripécias, amores e desamores típicos de um adolescente.
Keir Gilchrist faz um papelão. Faz-nos esquecer que é um neurotypical e personifica perfeitamente alguns dos maneirismos mais associados ao transtorno de autista.
A irmã, Paige, também é uma das minhas personagens favoritas, mas quem me arranca mais gargalhadas é o Zahid, amigo do Sam e engatatão assumido.
Se querem uma série jovem, divertida, refrescante, mas que também dê em que pensar, não deixem de dar uma oportunidade a Atypical. Aposto uma barbatana de pinguim em como não se vão arrepender.


O resto de um bom Domingo!
Com amor,
Catarina

terça-feira, 2 de abril de 2019

Passei um mês sem ir a redes sociais

Já há algum tempo que tinha noção de que o meu consumo de redes sociais não era o mais saudável. Tenho conta de Facebook e Twitter, mas o meu maior vício é mesmo o Instagram. No final do ano passado já fiz uma limpeza para reduzir o número de contas que sigo para metade, mas mesmo assim sentia que passava lá demasiado tempo.
No mês de Fevereiro o meu namorado teve uma ideia: E se eu me comprometesse a passar o mês de Março sem pôr os olhos numa única rede social? 
Aceitei prontamente o desafio.
Estava com receio de o meu fear of missing out tomasse conta de mim, mas a verdade é que não senti praticamente falta das redes sociais. Acho que a única coisa que me deu pena foi não assistir a instastories de amigos meus que aproveitaram as férias de Carnaval para passear, mas não morri por isso. 
Aliás, as coisas verdadeiramente importantes são contadas directamente, quer por mensagens ou pessoalmente, por isso é uma tolice achar que, por não sabermos o que uma pessoa comeu ao lanche ou  uma frase engraçada que encontrou a caminho do trabalho, deixámos de conhecer essa pessoa. 
Tal como imaginava, deixar de perder tempo a cuscar as contas de terceiros, fez com que ganhasse tempo para outras coisas. Pus os vídeos dos youtubers a quem subscrevo em dia, o meu ritmo de leitura aumentou, passei a ler notícias de jornais online em vez de me chegar a informação através de memes e passei a desfrutar de filmes e séries sem ter o meu telemóvel emplastro na mão - um hábito terrível.
Também gostei da sensação de andar incógnita. De ninguém saber o que ando a fazer, ou por onde ando a não ser que me pergunte directamente. 
Ontem regressei ao Twitter e ao Facebook. Confesso que já tinha saudades sobretudo do Twitter, que é a rede social que mais me faz rir e inspira ao mesmo tempo. 
Quanto ao Instagram... Já o voltei a instalar mas confesso que ainda não tive coragem de o abrir. Ou eu dou uma grande volta às contas que sigo, ou então a minha compulsão por ter que abrir todos os stories e ver todas as publicações antes de fechar a aplicação vai voltar a sugar-me tempo e paciência. Não sei se estou pronta para abdicar deste silêncio e tranquilidade digital. Veremos.


Continuação de uma óptima semana!

Com amor,
Catarina