Sinto-me sempre um pouco desconfortável quando estou a falar com alguém e de repente surge um comentário um pouco... antigo (para não dizer retrógrado).
Foram precisos alguns anos para perceber que alguém que faz comentários sexistas, racistas ou homofóbicos não é necessariamente má pessoa. Parece estranho, mas é preciso ter uma mente aberta para perceber que nem toda a gente teve a mesma educação que nós, nem viveu o mundo da mesma maneira. Têm uma mente mais fechada.
Acredito que sou mais tolerante porque tive oportunidades para isso.
Cresci habituada a ver pessoas de todas as cores e etnias nos meus livros, desenhos animados e filmes. Já conheci pessoas de vários países, com diferentes crenças religiosas, com hábitos e tradições diferentes dos meus. O facto de saber falar mais do que uma língua, permite-me falar com meio mundo e ver notícias, testemunhos e histórias de que outra maneira não teria acesso.
Tenho até a sorte da minha família ter possibilidades económicas e ter visitado diferentes países, continentes e culturas. Sentir o que é ser o "estranho" ou o estrangeiro de outra terra e olhar para ruas que, para mim são desconhecidas, mas a que outros chamam de "casa".
Conheço pessoalmente pessoas que representam cada letra da sigla LGBT. Sei que não são "modernices", porque existem exemplos desde que existe história e até que não é exclusiva ao ser humano. Sei que o coração não escolhe de quem gosta e que nem toda a gente tem a sorte de ter um corpo que corresponda ao que é na sua alma.
Sei que um casamento pode acabar sem ser o fim do mundo. Que a vida é demasiado curta para viver com medo, infeliz ou aprisionado. Que o homem pode e deve deixar os seus sentimentos virem ao de cima e que uma mulher não tem a obrigação de ser ela a tratar sozinha dos filhos e da casa, apenas se ela o entender.
Sei que não há um "nós" e um "eles". E no dia em que a maioria das pessoas perceber isso, o mundo conhecerá a paz, o amor e o perdão.
Até lá, ensino pelo exemplo.
Com muito amor,
Catarina