Curiosamente, o dia em que comecei a excluir carne da minha
alimentação coincide com o aniversário do meu irmão e mais dois familiares, por
isso acho que seria muito difícil esquecer. A viagem para Londres onde iria
fazer o meu estágio de Verão foi a desculpa perfeita para algo que já queria há
imenso tempo. Catarina de 6 ou 7 aninhos, we
did it girl!
A minha mãe e irmão aceitaram muito bem, também tive o apoio
do meu namorado, amigos e de alguns familiares. É engraçado como a minha avó materna,
que sempre foi aquela pessoa que andava sempre atrás de mim “tens comido?”,
“Estás demasiado magra.”, “não te esqueças de comer!” (como se eu não fosse uma
pessoa que adora comer…) foi das que mais apoiou. Como viveu com pouco em
pequena, apenas tinha o cultivo da horta caseira e só muito de vez em quando
algum peixe ou carne para comer. “Os feijões eram a nossa carne” disse-me ela.
Quem ainda não confia muito nesta alimentação é o meu pai.
Diz que percebe que se deixe de comer vaca por questões ambientais ou alguns
produtos, mas achou a minha decisão “demasiado radical”. Mesmo sendo seguida
por uma nutricionista, é rara a semana em que não oiço “Então onde é que está a
proteína?”.
Falando na nutricionista, foi um elemento essencial para a
minha transição. Antes de a consultar ainda comia peixe uma vez por semana por
medo e mesmo assim perdi peso e notei uma maior queda de cabelo. Por mais que
tivesse lido, escaparam-me alguns detalhes e depois de conversar com ela
percebi quais tinham sido. Corrigiu-me e tranquilizou-me (fiquei assustada
quando vi o peso na balança), passando-me um plano para começar a comer melhor
e garantindo-me que ia conseguir voltar a ver um número mais saudável na
balança. Dois meses depois já tinha recuperado o peso que tinha antes de deixar
a carne e hoje em dia consegui atingir um peso que nunca tinha tido antes, o
melhor para a minha estatura.
Se noto diferenças a nível físico? Acho que não. O meu
cabelo já voltou ao que era, a minha pele está igual e o meu corpo também. Sei
que se deixasse os lacticínios provavelmente notaria uma melhoria nesse
sentido, segundo o testemunho da maioria das pessoas, mas ainda não estou
preparada para esse passo.
Mais do que deixar a carne, o que mais me
custou foi deixar o peixe, daí só ter acontecido no início deste ano. No entanto, sabia
que a Catarina que detestava quando a levavam a pescar e teve que lutar contra
o impulso de libertar os peixes ainda vivos da lota não me deixaria dormir
descansada.
A consciência tranquila e sentir-me mais feliz foram as principais
mudanças que notei neste ano. Sinto que sempre fui vegetariana mas apenas a 7
de Agosto de 2016 "saí do armário". Pensei que seria um processo difícil mas foi
natural e gradual, como um desabrochar.
O que também me ajudou foi o facto ser um bom garfo. Desde
pequena que como todo o tipo de legumes, frutas e hortaliças o que me dá um
grande espaço de manobra para experimentar receitas novas e ir comer a
restaurantes sem medos. Se havia coisas que não gostava ou tinha medo de
provar, hoje em dia tento contrariar isso. Comecei a ver a minha comida como
uma fonte de nutrientes e a querer acrescentar coisas e a diversificar o meu
prato, em vez de olhar pelas calorias porque o que eu quero ao fim do dia é que
a maquinaria tenha tudo o que precise para funcionar bem e nunca mais ter algo
parecido com aquele susto na balança. Claro que de vez em quando lá marcha um pacote de batatas ou uma pizza, que sei não ser o mais nutritivo, mas não sou feita de ferro.
A única coisa de que me arrependo foi não ter tomado esta
decisão mais cedo, acreditem.
Se por acaso também gostavam de ter uma alimentação mais plant-based o meu conselho é: vão experimentando. Pesquisem
restaurantes vegetarianos ou receitas para fazerem em casa e divirtam-se. Não se deixem influenciar por rótulos
ou por metas. Se quiseres ser uma pessoa que come comida vegetariana apenas uma
vez por semana força. Se quiseres ser uma pessoa que come produtos animais só
uma vez por semana força nisso também. Não se deixem influenciar por modas e
façam apenas aquilo que fizer mais sentido para vocês e com que se sintam
melhor. Só faz sentido retirarem alguma coisa da vossa dieta se tiverem algo
que vos motive por trás: seja a vossa saúde, sejam questões éticas, sejam causas ambientais. E, por favor, peçam ajuda de um profissional se o fizerem.
Um curso não serve apenas para aprender o que qualquer pessoa pode ver na
internet, mas para distinguir o trigo do joio e saber qual é a informação em
que podem confiar.
Com muito amor,
Catarina
Muitos parabéns! Eu quando andava na faculdade só almoçava lá os pratos vegetarianos e fiquei fã! Só não o faço agora mais por preguiça... O meu namorado é anti verdes e já dá tanto trabalho fazer uma refeição que não tenho paciência para fazer diferente para mim. Mas sempre que posso como refeições só à base de vegetais!
ResponderEliminarEia está bué fixe o texto!
ResponderEliminarYour master;
<3
neste momento só como frango e peru mas deixar a carne por completo não sei se consigo
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