sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Dicas para escrever uma Dissertação de Mestrado (parte I)

Tese. Aquela palavra de quatro letras que causa calafrios na espinha de estudantes que pensam em tirar um Mestrado. Era a etapa do curso que mais temia e que me parecia inalcançável.
Não é. Se já milhares de pessoas conseguiram antes de ti (e algumas um pouquinho menos capazes, letsbehonest) também tu vais conseguir.
Quero deixar aqui algumas dicas que fui aprendendo a bem e a mal. O meu caminho não foi perfeito, a minha experiência por si só vale o que vale, mas quero falar desta etapa da minha vida e ajudar os outros a serem bem-sucedidos. Basicamente quero humanizar a tese de mestrado. 
Vamos a isso?

1) Tipos de dissertação de mestrado
Primeiro que tudo, informa-te sobre quais os formatos em que podes entregar a tese. No caso da minha faculdade (curso de Medicina Veterinária) existem 3 possibilidades:
Relatório de estágio - Trata-se de um relato pormenorizado sobre a vossa experiência no estágio curricular. Terão de mencionar a casuística, as horas que fizeram, onde o realizaram e sob que orientação. Muitos alunos optam por este formato porque é o menos trabalhoso. Dependendo das faculdades, poderão falar mais pormenorizadamente de um caso ou de um tema. Existem faculdades onde não existe esta opção e outras onde este faz parte da vossa avaliação e necessitam de realizar outro formato de dissertação.
Revisão Bibliográfica - Este é um dos formatos mais frequentemente utilizados. Não é nada mais do que fazer um trabalho sobre determinado tema, mas mais pormenorizado e utilizando as referências mais actuais possíveis. Por vezes pode ser inserida a vossa experiência pessoal sobre o tema ou (numa área de saúde/ ciência) descrição de casos que tenham visto.
Investigação - Este é um dos formatos mais trabalhosos, mas apenas porque normalmente requer também uma componente prática. Na área de ciência é quase imprescindível escolherem este formato e a cereja do topo do bolo é conseguir criar um artigo científico.

2) Escolher o tema
O tema de uma dissertação não cai do céu, mas também não é a coisa mais complicada do mundo. 
No meu caso o primeiro tema que escolhi foi-me aconselhado por uma veterinária que eu conhecia. Era relacionado com parasitas e seria uma óptima investigação, mas como estagiei em Lisboa acabei por não ter casos nenhuns. Como já tinha escolhido a orientadora especialista em parasitas, decidimos juntas escolher um novo tema com mais casuística e foi assim que cheguei à minha temática actual.
Para além de pedir sugestões a profissionais da vossa área, podem escolher em primeiro lugar o vosso orientador (quer pela afinidade quer pela área de interesse) e determinarem um tema juntos ou trabalharem num projeto que ele tem em curso.
Se durante uma aula ou até durante o banho se lembrarem de um tema interessante, apontem logo para não se esquecerem e investiguem depois junto de profissionais/professores se será uma hipótese viável.

3) Saber o método de trabalho do orientador
Depois de já saberem o objetivo da vossa dissertação e terem a estrutura combinada com o vosso orientador, perguntem-lhe como ele prefere trabalhar.
Este foi um dos meus erros. Assumi que a minha orientadora teria um método de trabalho igual aos de alguns colegas e amigos meus mas não foi isso que sucedeu. Vocês têm todo o direito a pedir apoio e a tirar dúvidas. Mas se por um lado há professores que preferem que vocês vão mandando por capítulos ou que definem prazos, existem outros que preferem ter tudo já escrito para corrigir e sugerir melhorias. Contem com pelo menos um mês para o vosso orientador poder ter tempo de verificar a bibliografia, sugerir alterações e corrigir uma última vez se necessário antes do prazo final.

4) Leiam, leiam, leiam
Sabem sobre o que querem escrever? Já combinaram tudo com o vosso orientador? Então agora começa a parte de estudar.
Pode ser aborrecido, mas convém ter o mínimo conhecimento sobre o que vamos escrever, ver o que já foi escrito e ler diferentes perspectivas sobre o tema.
Por exemplo, tenho uma amiga minha que fez a tese sobre dentes porque gosta da área e acabou por descobrir que o método que ela estudou seria muito útil em medicina veterinária forense. 

Espero ter ajudado alguém. Na parte dois vou abordar técnicas para maximizar a vossa produtividade e alguns truques.


Tenham um óptimo fim-de-semana!

Com amor,
Catarina

10 comentários:

  1. Aposto que isto vai dar imenso jeito a muita gente! :)

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    1. Espero que sim! Eu pelo menos gostaria de o ter lido há um ano atrás :)

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  2. Este ano letivo vou escrever a minha tese... Estou tão assustada! Eu vou fazer estágio curricular, mas a estrutura será de uma dissertação normal, e não um relatório de estágio. Até porque do estágio em si não serão revelados pormenores (como duração, etc), mas sim as implementações que fiz e os resultados obtidos :)
    Este tipo de posts são muito úteis, por isso mal posso esperar pelo segundo :)
    Beijinhos

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    1. Toda a gente está, acredita!
      Sim, depende do curso e do estágio que se faz. No meu caso apenas não podemos mencionar nomes dos animais nem dos seus donos.
      Ainda bem que achaste útil, o próximo está para breve :)

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  3. São óptimas dicas para quem estiver a fazer Mestrado ou a pensar em fazer um :)

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  4. Achei genuinamente interessante esta publicação, ainda me falta algum tempo para ter de escrever para o mestrado, porém, no 2° semestre deste ano tenho uma cadeira chamada Temas, na qual faço algo semelhante a uma Tese. Assim, foi extremamente útil ler os teus conselhos e classificações. Obriiiiigada 🙊 vou ler a parte 2 assim que puder.

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    1. Fico feliz por teres encontrado conselhos úteis nesta publicação :)
      Muito boa sorte para essa cadeira, há-de correr tudo bem!
      Beijinhos!

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  5. Vou iniciar agora a minha tese de mestrado e gostei muito de ler um post assim :)

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    1. Ainda bem que pude ajudar :)
      Boa sorte para esta etapa!
      Beijinhos!

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