sexta-feira, 10 de julho de 2015

DAPV - Eutanásia

Esta palavra assustadora começou a tornar-se familiar quando ingressei em Medicina Veterinária.
Para um médico veterinário, esta prática é muito comum na sua clínica. É a forma que temos de ajudar um amigo, cuja vida já lhe não lhe oferece mais nada a não ser sofrimento.
Infelizmente no mês passado conheci este procedimento na primeira pessoa.
O meu cão e melhor amigo de infância, que já estava quase nos seus 16 anos e tinha o estúpido de um tumor acordou um dia sem se conseguir levantar tais eram as dores.
Ainda lhe receitaram comprimidos analgésicos para o ajudar, mas avisaram-nos de que estava em sofrimento. Foi piorando, já não comia nem bebia.
Dias depois depará-mo-nos com uivos agonizantes. O nosso cão estava a sofrer horrivelmente. Telefonámos para a clínica e, pondo-o a dormir primeiro, aliviaram para sempre a sua dor. 

É por este meu caso e por outros que sei que escolher a vida nem sempre é a escolha mais humana.
Os animais não têm "voz" como nós,  por isso somos nós que escolhemos a morte deles nestes casos.
No caso humano, são os próprios que pedem para acabarem com a sua vida, apenas porque já nem têm condição física para tal. E talvez seja exactamente por ser o próprio a querer se torne mais complicado.
Defendo que devia ser uma prática permitida, exactamente pelas situações em que uma pessoa já não vive, apenas sofre. Defendo que haja um comité, constituído por médicos e psicólogos que debatam entre si os pedidos e concedam ou não essa escolha às pessoas. 
Não é homicídio, nem suicídio. É eutanásia.




Texto escrito no âmbito do desafio "Deixa as Palavras Voarem" da Adelisa.

4 comentários:

  1. Mesmo sendo complicado é o melhor para quem sofre. Obrigada pela participação, gostei muito. Não é necessário mais nada, além do link ;)

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  2. Concordo, também tivemos de fazer o mesmo ao meu cão, amigo desde sempre, foi preferível assim, ele já não tinha condições de vida.

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  3. conheço uma pessoa em que teve de fazer os mesmo com o seu cão. é doloroso, mas acho que ainda é mais doloroso vê-los a sofrer

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